Um café e um amor sem gelo

Quanto mais o tempo passa, mais eu vejo que o que importa não é a cabeça e sim o coração. Não adianta você “tirar” da cabeça algo e o seu coração lembrar de tudo.
É bem fácil querer esquecer alguém, dizer que já esqueceu e no momento que você o vê novamente o corpo todo fala que ele está perto, que está bem mais perto do que sua cabeça gostaria.
O tempo pode passar; sinceramente às vezes o tempo faz algo, mas nas outras ele deixa as coisas do mesmo jeito. O mesmo nervosismo, as mesmas manias, o mesmo sorriso, o mesmo abraço, as mesmas besteiras, as mesmas chatices, tudo, tudo do mesmo jeito. O mesmo jeito até de te fazer feliz ou de te magoar. Ruim é o tempo passar e as coisas te atingirem da mesma maneira. Ruim é você sentir que as coisas nunca darão certo. Ruim é ver que há esperança em palavras e desesperanças na realidade. Ruim é você se sentir mal durante tanto tempo.
Me pergunto quando isso vai passar. Não adianta dizer que é com o tempo, o próprio tempo já fez demais; não adianta também dizer que isso pode ser “curado” com outra pessoa, porque infelizmente não pode, outra pessoa só faz maquiar o problema.
É complicado quando as coisas não dão certo, mas é bem fácil quando tudo anda no caminho correto. Enquanto por aqui as coisas não chegam nem perto de se acertarem, o buraco no peito é constante, a sensação que tem algo vazio também. A cada mágoa um murro, dói, mas é sempre um aprendizado. Espero que algum dia alguém – não precisa ser diferente, só precisa “deixar a porta aberta” – consiga receber de mim o mesmo nervosismo, as mesmas batidas aceleradas do coração, o mesmo suor frio, o mesmo sorriso, enfim, o mesmo sentimento, mas, por favor, sem dores, sem murros e sem tantas “surpresas fortes”.

- Senhor, por favor... – Disse ela.
- Pois não.
- Um café e um amor sem gelo.